Olá amores!!!
O Papa Bento XVI anunciou que vai renunciar no próximo dia 28/02. O motivo da renúncia segundo ele é principalmente a idade avançada, ele tem hoje 85 anos. Antes dele, o último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório XII, no século 15 (1406-1415).
Mas quem pensa que Bento XVI vai deixar o vaticano de lado se engana, ele permanecerá como cardeal emérito em Roma e continuará usando o nome de Bento XVI.
Tenho lido muita coisa sobre o assunto, opiniões se dividem, alguns dizem que ele não deveria ter substituído João Paulo II, que os dois são muito diferentes, que João Paulo era liberal e que Bento XVI é tradicionalista. Pura falta de informação de quem diz isso. João Paulo II e Bento XVI pensavam exatamente igual, a diferença estava no fato de João ser uma pessoa muito carismática, um homem que sabia e gostava de falar em público, esse carisma arrebanhou multidões para a igreja católica. Bento XVI ao contrário era um homem de poucas palavras, curto e grosso como se diz aqui no Brasil. Em vez de atuar como um padre de paróquia, Ratzinger continuou seus estudos acadêmicos trabalhando como professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Freising e posteriormente se tornou professor, primeiro na Universidade de Bonn, e, em seguida, nas Universidades de Münster, Tübingen e, finalmente, Regensburg, onde ensinou a história do dogma católico.
Em 1982 João Paulo nomeou o então cardeal Ratzinger Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé ( é o nome atual do que antes chamava-se Suprema e Sacra Congregação do Santo Ofício, que anteriormente chamava-se Suprema e Sacra Congregação da Inquisição Universal da Idade Moderna e era responsável pela criação da Inquisição em si. Ou seja: o bacana era inquisidor chefe) e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional. Ratzinger foi a figura mais influente e poderosa do Vaticano no pontificado de João Paulo II (com exceção do próprio papa, evidentemente). Os dois tinham uma fortíssima ligação, já que compartilhavam de visões parecidas a respeito do estado da Igreja e do futuro do catolicismo. Os dois papas participaram do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965, que discute os rumos da religião e estabelece as bases para o futuro da Igreja. Quatro décadas antes de ser apontado como um papa conservador, Ratzinger é visto no Concílio como um reformista, assim como Wojtyła. Para a época talvez eles fossem moderninhos demais, para os dias de hoje não.
Se engana quem acha que em algum momento os dois pensaram de forma diferente, ambos eram contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, sobre o papel da mulher na igreja, sobre a contracepção assistida e tbm a concepção assistida, enfim...pensavam exatamente igual, a diferença era a simpatia e o carisma de João Paulo que Bento não possuí.
Apesar de não ser católica me preocupa muito essa renúncia. Devemos lembrar que o vaticano não só é a matriz do catolicismo, mas tbm um país do qual o "presidente" é o papa e a politica envolvida nessa renúncia certamente não foi comentada. Quando da morte de João Paulo o vaticano sabia que o preferido do papa para sucede-lo era o então cardeal Ratzinger justamente por serem íntimos sabiam que João Paulo tinha preparado o terreno com seu carisma para que Bento viesse posteriormente e enfrentasse o grande problema da igreja do século 21, as denúncias de pedofilia contra a igreja e seus padres.
Apesar de ser leiga no assunto para mim essa sucessão foi milimetricamente orquestrada pelos dois, tanto que apesar do longo pontificado de João Paulo e de sua história como papa, Bento foi eleito no segundo dia de conclave, quando o esperado eram muitos dias para decidir quem substituiria um papa tão querido pela igreja e pelo mundo, inclusive pelos não católicos.
Resumindo, como diz um grande amigo meu, nesse angu (renúncia) tem caroço, e dos grandes.
É esperar as cenas dos próximos capítulos.
Tenham um bom dia.
Famke Grey.
